
Alimentação
A alimentação e a água potável constituíam um problema recorrente.
No que respeita aos mantimentos, enquanto os passageiros deviam garantir à partida a sua própria subsistência durante a viagem, o que raramente acontecia, tanto por ignorância como por insuficiência de recursos, cabia ao armador o abastecimento da despensa do navio, de forma a manter toda a tripulação. Mesmo em condições normais, os alimentos eram alvo de distribuição racionada, efectuada numa base diária ou mensal consoante o tipo de produto, verificando-se níveis de verdadeira penúria, impostos por circunstâncias desfavoráveis. Ainda que se recorresse pontualmente ao abate de animais e à pesca, a dieta a bordo centrava-se no consumo de biscoito - pão cozido pelo menos duas vezes, aumentando o seu período de conservação -, enchidos e alimentos salgados, sobretudo carne de porco, mas também algum peixe, acompanhados pela ração diária de vinho.
Condições de vida nos navios dos descobrimentos
A vida a bordo é dura devido às próprias condições de navegação e às características dos navios que estão construídos, essencialmente, para transporte de carga, o que obriga os passageiros a viverem e a dormirem no convés ou nas cobertas.
A alimentação a bordo é quase sempre uma aventura, com alimentos insuficientes e frequentemente estragados. A alimentação para além do célebre biscoito baseia-se em carne salgada e no peixe pescado ao longo da viagem. As condições de higiene que presidem à existência a bordo retratam as normas da época com mais algumas precauções complementares;
À fraqueza geral da saúde corresponde uma elementar protecção clínica, pois, na sua esmagadora maioria, os navios apenas transportam uma pequena botica com produtos farmacêuticos e um barbeiro com experiência de sangrias, pelo que os padres que aparecem nos regimentos de bordo como “médicos da alma” se tornam, frequentemente, também médicos do corpo.
Nuno Silva
Sem comentários:
Enviar um comentário