quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Alimentação nos navios dos descobrimentos


Em toda a Europa cultivam-se cereais: trigo, cevada, centeio e aveia, com os quais se faziam várias espécies de pão, e se dedicava especial atenção à produção de leite e de carne. A alimentação, contudo, variava de região para região, enquanto no norte se consumia mais queijo, toucinho e manteiga, no sul existia principalmente vinho, azeite, fruta e legumes. Em todo o lado se criava gado, do qual se obtinham peles e lã para a confecção do vestuário.
No séc. XVI começaram a aparecer novos produtos oriundos do Novo Mundo, como o milho. Neste século surgiram novos tipos de alimentos, como o peru e o chocolate, ambos originários do México, e apareceu também o açúcar que, todavia, era considerado um luxo, sendo utilizado em tudo, até nos pratos de carne.
No sul da Europa consumiam-se grandes quantidades de vinho, que chegavam a atingir os cem litros anuais por pessoa. Ao contrário, na Europa setentrional, a bebida favorita era a cerveja caseira, ingerida por adultos e crianças, e também a cidra.
A chegada dos produtos coloniais à Europa trouxe também alteração na vida quotidiana dos europeus, nomeadamente a nível dos hábitos alimentares, do vestuário, da decoração e outros.
Assim, novos produtos passaram a fazer parte da alimentação diária dos povos europeus, em especial o milho, o feijão e a batata. A própria paisagem foi alterada com a introdução destes produtos no campo. O açúcar e certas especiarias, utilizados inicialmente como drogas farmacêuticas, tornaram-se produtos de consumo corrente. Outros produtos passaram também a ser consumidos em maior escala, nomeadamente o café, o chá e o tabaco.
As refeições dos pobres eram desequilibradas e escassas porque, numa época em que os preços subiam assustadoramente, eles apenas podiam comprar pão, feito de trigo, cevada ou centeio. Às vezes, guisavam-no juntamente com couves ou outras verduras, pois a carne era demasiadamente cara para a maior parte das pessoas.
A fruta, muito abundante na Europa meridional, era pouco aproveitada, pois os médicos afirmavam que provocava febre. Como a subsistência dos povos dependia principalmente do pão, as más colheitas originavam os chamados anos de fome, o que acontecia com relativa frequência.
Só em França podem contar-se, durante o séc. XVI, treze anos de crise, e nessas alturas os pobres, para subsistirem, tinham de comer palha, raízes, ratos e até a casca das árvores.
Em contrapartida os ricos alimentavam-se de carnes variadas e de peixe. A carne era seca e salgada, para se conservar durante o Inverno, sendo depois cozinhada com temperos fortes, a fim de disfarçar o cheiro e o sabor desagradáveis. Os ricos desprezavam a maior parte dos vegetais, embora se acreditasse que comer repolhos evitava a calvície.

As condições de vida nos barcos das descobertas


Habitualmente, apenas se fazia uma refeição quente por dia, existindo um «mestre do fogo», responsável pelo fogão.
A higiene era difícil, só se podendo utilizar água salgada. O escorbuto era uma doença comum.
As tripulações adoeciam frequentemente porque não tinham vegetais frescos ou fruta para comer. Havia também pouca água potável para beber.

Obrigações a bordo

As rações são iguais para todos, excepto para os doentes. Estes têm direito a suplementos de doces de fruta, açúcar, mel, passas, ameixas, até mesmo farinha e outras coisas.
Mas os viajantes têm que levar as provisões consigo, e aqueles que têm meios não sofrem a bordo. Os soldados e o povo miúdo nem sempre recebem as rações devidas. Quanto à água, não há dinheiro que chegue para a comprar. O vinho, não se devia beber muito, por causa dos calores.
Garantir o bom tratamento dos doentes era uma das responsabilidades dos capitães e dos religiosos; o rei ordenava com muita insistência que fosse cumprida. Para eles a comida era melhorada e prioritária na distribuição, tinham direito a doces de fruta e frutos secos que se pensava que lhes fariam bem dado o seu estado.


Conclusão


Com este trabalho aprendemos mais sobre a época dos descobrimentos.
As caravelas eram embarcações mais pequenas do que as naus. Não permitiam levar tantos homens nem tantos mantimentos.
Foi graças ao dinamismo do Infante D. Henrique, filho de D. João I, que a proeza dos descobrimentos marítimos foi possível.
Agora já sabemos contar grande parte das experiências vividas pelos corajosos navegadores portugueses, que, com a sua audácia e determinação, escreveram as páginas mais bonitas da história de Portugal.
André Gonçalves